segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"Estou de volta na minha casa e preparado pra trabalhar de novo pro meu pai."

Certo dia eu acordei e olhei para o teto, ao som dos gritos das ovelhas, bois e cavalos, comecei a ter um pensamento de querer sair de casa, de dar uma volta no mundo, de conhecer outros lugares. Me levantei, tomei meu banho, me vestir e sentei ao lado de meu irmão e do meu pai como todos os dias. Enquanto eles se deliciavam com o café da manhã eu me fartava com aquele pensamento de querer sair de casa. Meu irmão, como sempre me tratando mal, "Ei seu idiota, passa essa manteiga!!" "Tá dormindo ainda?!" "infelizmente você é meu irmão!", meu pai brigava com ele, mas o meu irmão não se intimidava.
Passa-se alguns dias e eu resolvo tomar coragem e ir embora de casa, mas antes de sair de casa eu chamo o meu pai pra falar sobre isso e, pra pedir a parte do meu patrimônio. Eu chamei o meu pai e disse: " Pai, eu... durante...durante algum tempo venho pensando em fazer coisas novas, em conhecer coisas novas, eu preciso fazer isso e espero que o senhor entenda essa minha escolha e eu lhe peço que o senhor me dei a parte do meu patrimônio e deixe-me ir." O meu pai, abaixou a cabeça, e cutucava as unhas de suas mãos, respirando bem forte disse: "Meu filho, olha, eu não entendo essa sua escolha, porém eu vou fazer o que você quer!" com os olhos cheio de água ele se levanta e vai buscar a parte que eu lhe pedi.
Eu arrumo minha mala, coloco o pouco que eu tinha, meu pai bate na porta e entra, vejo que seu rosto estar diferente, era um rosto de tristeza e dor. Eu pego o dinheiro de sua mão e com o coração apertado dou um "Adeus", cada passo que eu dava dentro de casa rumo a porta da rua, era uma sensação entranha, mas ao mesmo tempo de alívio. Eu parei na porta, olhei pra dentro de casa e vi meu pai me olhando, porém logo abaixou a cabeça, meu irmão com um sorriso bem aberto disse com um tom bem irônico, "não vai, fica!"
Eu saio e bato a porta e enquanto caminhava, eu olhava a minha casa, o terreno, os bois, ovelhas, cavalos, olhava os empregados de meu pai trabalhando, logo, a casa some em meio as densas árvores e montanhas.
Viajei quilômetros até chegar na cidade grande, onde tinha tudo, onde eu poderia gastar e me satisfazer por inteiro.
Arranjo um dos melhores hotéis pra morar, era tudo tão chique, tinha um toque de requinte deslumbrante, os meus olhos se encantaram com o lugar, nem percebi que tinha uma família.
Fiquei sem noção e fui fazer coisas novas, conhecer coisas novas. Fui em bordéis, bares, conheci as melhores mulheres, distribuía bebidas pra elas, levava elas pro meu apartamento e fazia loucuras, eu era o rei do camarote, "o menino ostentação". "era tudo tão bom!" Todavia, passado alguns meses eu percebi que o meu dinheiro tinha terminado e, fui com aquelas mulheres pra ver se elas me ajudavam, mas elas disseram não, que não poderiam me ajudar em nada, eu bati na porta de várias pessoas que eu conheci naquela cidade, porém nem um delas me ajudaram. Voltando pro hotel onde eu estava morando, o dono me exigiu o pagamento do apartamento e que já tinha vencido a duas semanas. Eu disse a ele que não tinha como pagar naquele momento, mas que logo, logo arranjaria o seu dinheiro; ele fechou a cara e sem pensar duas vezes mandou pegar as minhas coisas e ir embora. Fiquei preocupado, porque não sabia pra onde iria, sair, ando alguns metros e avisto uma fazenda, e um senhor com alguns porcos, chego perto dele e pergunto se tem como ele me arranjar um lugar pra morar, o senhor falar que o único lugar era junto dos porcos.
Bem, não tive escolha, aceitei o meu novo lar e juntamente com a moradia veio o trabalho de cuidar dos porcos.
Bateu a fome e não tinha nada pra eu comer, pedi ao dono dos porcos um pouco de comida, porém ele disse o que tinha era o suficiente pra ele e sua família durante o mês todo,  e disse se eu quisesse comer que, eu viesse me juntar aos porcos e comer juntamente com eles; Fazer o quê, era o que tinha.
Em uma noite de desespero, repartindo a minha cama com os porcos me lembrei da minha casa, do meu pai e do meu irmão, dos empregados e dos animais, das músicas que saiam dos pulmões dos pássaros todas ás manhãs, me lembro do cheiro do café que meu pai fazia, do cheiro do lençol, das desavenças que tinha com o meu irmão, não aguento e choro, ás lágrimas se misturam com a lama, a dor a aperta, mas, quando eu lembro que eu fiz de errado, não tenho coragem de voltar pra casa, porque não sabia se meu pai me aceitaria de volta.
Em meio de tudo aquilo eu durmo, e pela manhã acordo sendo lambido pelos porcos; todo sujo, fedorento e faminto me cento e escoro minha cabeça ao pé de uma árvore, e tenho de novo as lembranças da casa de meu pai. Tomo força em meu coração, pego o que resta de mim e coloco dentro da mala e parto de volta pra minha casa. No caminho fico apreensivo, nervoso e com medo do meu pai não me aceitar, paro no meu do caminho com o intuito de não voltar pra casa, mas a saudade não permiti que eu recue, ela me deu uma forma gigantesca pra continuar no caminho de casa. No meio da rua avisto um homem, e ele vem dando passos ligeiros ao meu encontro, fico com medo, porém logo percebo que esse homem é o meu pai. Quando chegamos um perto do outro um céu chamado sorriso abriu no rosto do meu pai, meus olhos estavam agora bombiando lágrimas para fora de mim. E dei um abraço nele e disse: "Pai, eu errei contra o senhor, me precipitei em minha escolha, vi que não valeu apena sair de seu lado, por favor, pai, eu não sou merecedor de entrar na sua casa de novo, ou compartilhar da mesma comida que o senhor come, mas deixe-me ficar pelo menos no celeiro, posso ser um dos seus servos, por favor pai!", o meu pai naquele momento não pensou duas vezes, saiu me puxando para dentro de casa, chamou o seu mordomo e disse: " Traga uma sandália para meu querido filho, me traz aquele anel também e coloque a melhor roupa nele; trazei também e matai um dos bois para que venhamos nos alegrar e regozijar a volta do meu amado filho, por que eu pensava que ele estava morto, mas ele vive!!!"
Eu entrei em casa, olhei pro meu quarto e vi que estava do mesmo jeito de quando eu sair, joguei meus trapos velhos no quarto e fui pro banheiro. Enquanto estava no banheiro tomando aquela ducha refrescante, o meu coração se alegrava, minha vida transbordava em emoção de estar de volta ao meu lar. Sair do banho com um novo cheiro, com uma nova roupa e uma nova fisionomia. Ora, o meu irmão ouviu as músicas altas, e as pessoas dançando, chamou um dos servos de meu pai e perguntou pra quem era tudo aquilo, o servo de meu pai falou: "É pro seu irmão que acabou de voltar, o seu pai estar muito feliz!"
O meu ir se enfureceu, chegou em casa, passou por mim e nem falou, meu pai vendo tudo aquilo foi falar com ele.
"Meu filho, por que você estar assim?" "por quê estou assim?!, é por causa desse seu filho ai que voltou. Pai, eu sempre fui correto perante o senhor, nunca fiz isso que ele fez com o você, e o senhor nunca me deu um cabritinho pra eu fazer um churrasco com os meu amigos, e quando esse seu filho volta pra casa o senhor faz tudo isso pra ele?!, isso não é justo pai!" "meu filho, entenda. O teu irmão estava perdido, pensei que ele tinha até morrido, mas ele voltou pra casa, sã e salvo, vamos nos alegrar!"
Agora...estou de volta na minha casa e preparado pra trabalhar de novo pro meu pai.



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